terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O DECRETO E O EGO FERIDO

Com a maioria dos vereadores renovada, é normal que haja nervosismo em uma primeira sessão e que alguns tentem se pavonear mostrando habilidade no trâmite burocrático. 

A primeira sessão da Câmara de Chapadinha desenrolou-se  assim, mas um fato que saltou aos olhos foi que os vereadores oposicionistas foram feridos no seu ego. Queriam mais atenção do governo. Logo, aproveitaram para capitalizar com o decreto. 

Os vereadores, mais do que ninguém presenciaram as mazelas da população. Percorreram zona urbana e rural. Visitaram hospitais. Visitaram escolas. Danificaram seus carros nas estradas vicinais. Como questionar a situação que o município se encontrava? Como negar os avanços de início do governo? 

Mas, para quem participou de tais desmandos, o novo governo desce como uma espinha de peixe rasgando goela abaixo. Rasgando e expondo toda incompetência e corrupção que foi compartilhada por eles. 

Mas, vejamos alguns pontos: 

Se foi convocada um sessão extraordinária para discutir o decreto de emergência, por que não foi solicitado previamente à prefeitura cópia de tal decreto e sua fundamentação? A ânsia de falar ao microfone e “mostrar serviço” atropelou a prudência. Situação e oposição apenas especularam. 

O ver. Eduardo Sá leu o decreto e questionou sobre licitações no período emergencial e pormenores técnicos como datas. Ora, sabemos que esse decreto serve para resolver problemas emergenciais e pontuais, não impedindo que licitações sejam realizadas para dar prosseguimento à administração. No afã de criticar, não observou que esta medida foi salutar e responsável. 

O ver. Eduardo Braga defendeu que a secretaria de educação não estava em situação emergencial (sua companheira foi ex-secretária) e especulou sobre favorecimento de Belezinha e Aluísio em obras sem licitação. Ora, é muito simplório imaginar que a educação se resuma apenas aos professores. E os colégios? E os recursos que foram destinados para reforma e ampliação das escolas? Será que não percorreu a zona rural e viu o estado lamentável das instalações educacionais? Com relações ao beneficiamento de Belezinha e Aluísio com obras, foi somente uma insinuação leviana, mas de fácil comprovação. Basta verificar a empresa que realiza tais reformas e se o valor é ou não compatível com o de mercado. 

O ver. Marcelo Meneses mostrou-se apático e não participou dos debates. Talvez a cadeira que ocupe na mesa seja desconfortável, pois sempre será uma lembrança dos acordos feitos com os vereadores de Magno Bacelar. 

Os vereadores governistas defenderam o decreto para além da parte burocrática. Para a parte vivencial da cidade, que é impossível fechar os olhos. A ver. Francisca Aguiar também fez um discurso apaziguador e reconheceu a situação calamitosa do município em determinadas áreas e elogiou o bom trabalho que vem sendo realizado pela prefeita. 

O que se viu foi jogo de cena da oposição. Vereadores com ego ferido. Vereadores tentando negar a necessidade de uma situação emergencial, já que participaram e apoiaram ativamente a gestão passada. Vereadores preocupados o com que ainda está por se descobrir... 

Mas tudo isso faz parte do jogo político e democrático. Fico feliz que o que se discuta ultimamente na cidade seja um decreto emergencial de poucos dias, o tamanho das faixas de pedestre, a comida no hospital e coisas do gênero. É muito melhor que o silêncio dos milhões desviados em reformas não realizadas, das mortes por falta de atendimento hospitalar, dos desvios de merenda escolar, do rombo na previdência e INSS da gestão anterior. 

Dr. Ernani Maia 

(Cirurgião-Dentista)

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